domingo, 20 de dezembro de 2015

RUMO AO SUL


Publicado na revista Motor Clássico de janeiro de 2015

O cicloturismo é um conceito intimamente ligado às bicicletas. Trata-se de aliar a atividade de pedalar ao turismo, isto é, percorrer o território em atividade de lazer em bicicleta. Muitos são os destinos possíveis, quer optemos por essa prática em Portugal ou no estrangeiro. Porém, entre nós, independentemente do meio através do qual nos desloquemos, o destino turístico, por excelência, é o Algarve.

Este apelo do Sul que se torna proporcionalmente mais irresistível à medida que as estações do ano anunciam o calor e um maior número de horas de sol vivo é fortemente sentido pelos que fazem do cicloturismo uma ação permanente nas suas vidas. A possibilidade de ligar a Área Metropolitana de Lisboa ao Algarve representa, para muitos, um desafio e uma espécie de peregrinação laica e muitas são as formas de tentar concretizar tamanho feito, seja pela estrada ou seja fora dela, em BTT, por exemplo, se o estado dos terrenos assim o permitir.

Uma ligação famosa que já se tornou um clássico é o “Troia-Sagres” em estrada. Percurso que, anualmente, desde 1990, num dos últimos sábados do ano, liga aquele istmo setubalense ao promontório português mais conhecido numa distância que supera ligeiramente os 200 kms. 

A primeira edição, em 1990, foi um solo de um amante do ciclismo, António Malvar (os que conhecem o milieu do ciclismo amador reconhecem-no como o grande guru da modalidade), que impelido por essa paixão estabeleceu um desafio suficientemente duro para inaugurar e rejuvenescer os seus quarenta anos. De então para cá o “pai” desta iniciativa tem tido cada vez mais companhia, sendo que, nos últimos anos, a migração velocipédica tem contado com centenas de ciclistas que espontaneamente rumam a sul em dezembro.

É de notar que esta peregrinação não surge de qualquer organização formal, mas apenas de um convite que António Malvar faz aos amigos de há anos a esta parte e ao qual se associam muitos outros ciclistas que, independentemente de se conhecerem, ou não, se entendem como uma irmandade.

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